quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A seleção brasileira e o jogo dos 7 erros - 4º erro: A inexperiência

Quando começo a discorrer sobre a experiência que os atuais convocados da seleção brasileira possuem, não refiro exatamente a idade de cada um deles, ou da média de idade da seleção como um todo, mesmo porque, como já disse Shakespeare, "maturidade tem mais a ver com os tipos de experiências que se teve do que com quantos aniversários você já celebrou".

Outro fator que refutaria apenas o fator idade, refere-se a comparação das médias de idade dos selecionados brasileiros. Para se ter uma idéia, a seleção da Copa do Mundo de 2010, teve a maior média de idade de todas as seleções daquela edição, com uma média 34 anos. O resultado todo mundo lembra.

Seleção de 1970: Média de idade de 24,5 anos.
Em contrapartida, a seleção que se sagrou tri campeã do mundo em 1970, teve uma média de idade de 24,5 anos, menor do que a média dos convocados para última Copa América, que foi de 25,9 anos. Sendo assim, podemos concluir que a idade dos atletas não interfere diretamente nos resultados alcançados.

Depois do momento PVC no Mundo do Jujuba, então vamos ao que realmente interessa. Se não são as datas de nascimento dos jogadores o item que digo em relação a experiência, seria o que?

Analisando o histórico dos nossos atletas que disputaram a última edição da Copa América na Argentina, constata-se o seguinte: somente alguns jogadores da defesa brasileira possuem um curriculum com a camisa amarela. Os jogadores ditos "decisivos", não possuíam essa característica e os que a possuíam, nunca foram na verdade decisivos, como é o caso da eterna promessa, Robinho.

O trio "experiente" do Brasil.
Os mais experientes do grupo, em termos de seleção brasileira, de jogar partidas decisivas, de vivenciar partidas importantes na Europa, fica a cargo de Júlio Cesar, Lúcio, Maicon e Daniel Alves, sendo que o goleiro já nem é mais unanimidade entre a opinião pública.

Mas aí entramos em uma outra discussão: a renovação que foi proposta por Mano Menezes visando a Copa de 2014. Mas acontece, que renovação não se faz da noite pro dia. Os jogadores que estão servindo o Brasil hoje, não estão prontos tecnicamente, fisicamente e até mesmo, psicologicamente para tal desafio.

São jogadores que não possuem sequer um histórico nas categorias de base da seleção. Além disso, são atletas sem aquela identidade com uma seleção, que não conseguem enxergar além das cifras milionárias que os rodeiam, o valor de se defender a pátria.

Rei Neymar?
Como podemos cobrar de um jogador, de 19 anos, que ganha milhões e milhões de reais anualmente e com um potencial de ganhar mais e mais, que não tem sequer o discernimento de cumprir ordens de seu superior e que posa para capas de revistas já como um novo rei?

Há outros na jogadores na seleção além de Neymar que merecem esse destaque. Não consigo ver a razão do lateral esquerdo André Santos estar vestindo a camisa. Lucas e Ramires são excelentes volantes, novos e precisamos de paciência com eles. PH Ganso não é o 10 decisivo. Pato é o atacante do quase-gol. E Robinho, como eu disse, a eterna promessa.

O salvador?
Defendo sim a renovação, mas a mescla deve ser feita. Mas daí batemos de frente com outro problema: essa entre-safra que vivemos no futebol brasileiro. Porém, existem opções atuando por todo lado. Hulk, Hernanes, Marcelo, Ronaldinho Gaúcho, Thiago Neves são alguns nomes.

Dos 7 erros listados, entendo que este talvez seja o de menor relevância. Mas a experiência desses jogadores devem ser trabalhada ao menos no campo psicológico. Fazer com que eles entendam a importância de vestir a camisa verde-amarela. De defender o Brasil no Brasil em 2014. Os quatro penaltes perdidos contra o Paraguai na Copa América foi um exemplo claro de falta de preparo emocional dos atletas. Até Elano e Fred, tão "experientes" quanto Lúcio e cia, não converteram as suas respectivas cobranças.

Ney Franco com a Seleção Sub-20
Mano Menezes poderia refletir um pouco mais sobre o seu trabalho e avaliar o trabalho feito pelo seu colega, Ney Franco, com a Seleção Brasileira Sub-20 (faço questão de escrever com letras maiúsculas quando me refiro a Sub-20, em respeito e elogio ao trabalho desenvolvido por Ney Franco com a garotada).

Mesmo sendo garotos, meninos ainda, em sua grande maioria atuando em solo brasileiro, os garotos mostraram personalidade, maturidade e sim, experiência, para jogar e ganhar a Copa do Mundo da categoria. Não houve destempero, despreparo, erros no caminho. Foi um time coeso, técnico, aguerrido e lutou pelo Brasil como se luta em uma guerra pela pátria. O resultado foi o título.

Goleiro da Sub-20: Gabriel
Lembro quando eu estava assistindo ao jogo contra a Espanha e antes da cobrança de penaltis, o goleiro Gabriel reuniu todos os jogadores e proferiu algumas palavras de apoio, de superação, de luta. E aí fica o detalhe: Gabriel era o jogador mais novo do grupo inteiro, com apenas 18 anos e é o terceiro goleiro de seu time, o Cruzeiro. Ficou dado o recado: para mostrar experiência, não precisa rodar o mundo, jogar mil jogos e ganhar rios de dinheiro. Basta ter a cabeça no lugar e força de vontade.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A seleção brasileira e o jogo dos 7 erros - 3º erro: Uma seleção sem identidade

Brasil x Suécia, no Emirates Stadium
Para começar o terceiro erro da série de sete erros da nossa seleção brasileira atual, vou expor alguns números. De 2006 até hoje, o Brasil realizou 81 jogos, sendo que apenas 12 desses 81 jogos foram realizados em solo brasileiro e com outra ressalva: esse número só foi possível graças as eliminatórias da Copa de 2014, que 'obrigou' alguns jogos em território nacional. Não fosse isso, o número seria ainda menor.

Para efeitos de comparação, das 10 últimas partidas disputadas pela seleção inglesa, 6 foram realizadas em Wembley. A atual campeã do mundo, a Espanha, em 10 partidas realizadas após a Copa do Mundo, 4 foram em solo espanhol. A França jogou 5 das 10 partidas em território francês e a Itália 4 das 10 disputadas.

Proporcionalmente, as seleções européias disputam em média, 48% dos seus jogos no próprio país. Em contrapartida, a seleção brasileira fica na casa dos 18% dos jogos disputados no Brasil.

Emirates Stadium: a casa da seleção brasileira
E ainda há mais um dado curioso: dos 81 jogos da seleção brasileira já citados acima, 9 foram no Emirates Stadium, em Londres. Chegou ao ponto de alguns profissionais da imprensa brasileira se referirem ao Emirates como "a casa da seleção brasileira", o que não deixa de ser uma verdade inconveniente.

Tal situação fez com que a seleção perdesse com o tempo a sua identidade de "bem maior da pátria", a alcunha de "seleção do povo". O orgulho de vestir a camisa amarela passa por essa situação aqui exposta. Como podemos nos sentir patriotas por uma seleção que não honra a própria pátria?

E mesmo assim, quando isso acontece, como nos amistosos contra a Holanda em Goiânia, e contra a Romênia em São Paulo, o ingresso mais barato era R$140,00.
Toda esta situação já seria grave, se não fosse um aspecto que deixa a situação ainda mais crítica: a próxima Copa do Mundo acontece no Brasil e a própria seleção nacional não joga em seu território.

Brasil x Romênia: ingresso mais barato a R$140,00
Esse desprezo por parte da CBF com o povo brasileiro, aliada a má fase vivida em campo pelo time, tem gerado uma repulsa enorme por parte dos torcedores. Vimos e ouvimos milhares de torcedores virarem as costas para a seleção, em sinal de revolta e/ou desprezo. Não deixa de ser apenas uma resposta à altura do que Ricardo Teixeira transformou a seleção.

Hoje, a seleção é uma marca e não apenas um time. Jogos e mais jogos são comercializados (como o contrato de jogos no Emirates Stadium, em Londres e no Khaliffa Stadium, em Doha), patrocíncios são fechados no atacado e quando atua no Brasil, os preços dos ingressos são colocados em preços exorbitantes.

Não apresento aqui uma sugestão de solução, pois os posts são apenas para apresentar a série de erros que estão decretando o futuro do Brasil na Copa do Mundo em 2014. Como as coisas estão caminhando, resta apenas esperar e ver.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A seleção brasileira e o jogo dos 7 erros - 2º erro: Ricardo Teixeira

Dando sequência a análise dos 7 erros da atual situação da seleção brasileira, exponho agora o que para muitos, hoje é o câncer do futebol brasileiro: o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Sr. Ricardo Teixeira.
Ricardo Teixeira, presidente da CBF

Confesso que se meu blog fosse famoso, tivesse um grande alcance, teria até receio em publicar algo do tipo, dado o tamanho da influência que o presidente da entidade máxima do futebol tupiniquim tem nos dias de hoje. Que o diga o narrador Milton Leite, que viu-se ameaçado de seu emprego nos canais SporTV (do grupo Globo), ao escrever uma crítica em seu blog particular, sobre as declarações do mandatário à Revista  Piauí. (Leia AQUI o texto de Milton Leite)

Aliás, é com base nessas declarações que o Sr. Ricardo Teixeira fez que inicio a minha análise.
"... Não ligo. Aliás, caguei. Caguei montão."

Capa da Piauí, com a entrevista de Teixeira
Essa é só uma pequena passagem do que o 'respeitado' dirigente disse à jornalista que o entrevistava. Fica claro e evidente o respeito que o Teixeira tem para com a opinião pública e sobretudo, com o torcedor brasileiro.

Ele se coloca acima do bem e do mal, principalmente com uma Copa do Mundo em suas mãos. Beira a insanidade.

Ricardo Terra Teixeira, nascido em Carlos Chagas-MG em 20 de junho de 1947 ocupa o seu quinto mandato consecutivo a frente da CBF, posto que assumiu em janeiro de 1989. Teixeira chegou a esse patamar, graças a seu ex-sogro, o ex-presidente da FIFA, João Havelange.

Para os defensores de Teixeira, os números alcançados por ele no comando da CBF corroboram com a sua permanência: considerando todos níveis, já foram 11 títulos mundiais e 27 títulos sulamericanos, além de emplacar a candidatura do Brasil para a Copa do Mundo de 2014.

Ricardo Teixeira e João Havelange, ex-sogro e padrinho na CBF
Porém, fazendo jus a Maquiavel, que disse "que os fins justificam os meios", Ricardo Teixeira se tornou uma figura polêmica, questionado e principalmente, investigada acerca de seus atos no comando da CBF. Ele coleciona acusações e vou apenas elucidar algumas delas:

- Nepotismo no preenchimento de cargos da CBF;
- Pagamentos de viagens para países sedes da Copa do Mundo a magistrados, políticos e outras autoridades;
- Importação irregular de produtos para suas empresas em viagens ao exterior à trabalho pela CBF;
- Assinatura de contratos dúbios e lesivos a entidade, em especial com a fabricante de material esportivo, a Nike;
- Omissão de declaração de rendimentos a Receita Federal e outras desavenças, que oneraram aos cofres da CBF, cerca de 14 milhões de reais ao Fisco;
- Doação de verba proveniente dos cofres da CBF para campanhas políticas de dirigentes esportivos, com o intuito de manter no Congresso, uma bancada que defenda os interesses da entidade;

2014: A Copa de Ricardo Teixeira
A questão é: pode um dirigente, com extensa ficha de acusações e participações em processos litigiosos, comandar o futebol brasileiro, ainda mais em um momento onde os cofres públicos estão escancarados para as obras da Copa do Mundo de 2014?

Com o poder que ele possuí em mãos, o próprio já dispara contra quem quiser combatê-lo. "Em 2014 posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015."

O que vemos é que o responsável pelo futebol brasileiro, aquele que tem o poder de decidir quem estará à frente do time, que pode mudar alguma coisa no panorama da seleção brasileira, está mais preocupado em se sustentar no poder, em enriquecer ainda mais as custas da entidade, do que exatamente, defender os interesses do torcedor brasileiro.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A seleção brasileira e o jogo dos 7 erros - 1º erro: A escolha do técnico

Hoje, um dia após o jogo Alemanha 3 x 2 Brasil, venho escrever sobre esta seleção que desencanta a todos do país. O que está acontecendo? Onde está o erro? Várias perguntas estão no ar e por mais que eu ou então qualquer outro 'especialista' tente responder, não conseguiremos responder, pois a resposta no futebol se encontra apenas no exercício, na prática e não nas entrelinhas de explicações cansativas e bem arguídas por 'professores' da bola, como estamos acostumados a ver nas coletivas após tais vexames.
Neymar, no jogo Alemanha 3 x 2 Brasil

Tentei enumerar 7 erros, como num jogo de jornal matinal, que você apenas marca onde está o erro, mas não o corrige, deixa lá, apenas marcado para que ninguém mais possa jogá-lo. Acho que é desta síndrome que padece a seleção brasileira (me recuso a escrever com as letras maiúsculas). Desde 2002, após a conquista do penta, os erros são os mesmos, todos conseguem enxergá-los, mas ninguém os corrige, apenas os detectam e assim os deixam.

A seguir, os erros detectados, sem ordem de importância ou relevância. Todos possuem seu percentual nos resultados atuais e também, do passado recente, da seleção brasileira:

1º erro: Escolha do Técnico

Desde 2002, com Felipão no comando da seleção, nunca mais tivemos um técnico de comando e pulso à frente do Brasil. A sensação que temos é que os técnicos são escolhidos mais para satisfazer os desejos do comando da CBF do que o próprio interesse do futebol nacional. 

Parreira, técnico entre 2002-2006
A primeira escolha, para a Copa de 2006, foi Parreira, com curriculum de tetra-campeão em 1994, se escondeu o tempo inteiro em seu passado nem tão vitorioso assim. Conhecia todas as artimanhas da CBF e alí se sentia em casa. Por isso Ricardo Teixeira o escolheu. Passado os 4 anos do 'projeto', eis o fracasso da Copa da Alemanha, um verdadeiro espetáculo do show business do futebol mundial, com o famoso "quadrado mágico", que de mágico não teve nada.

Em seguida, a escolha de Dunga. Quem? Isso mesmo, o "experiente" técnico Dunga. O capitão do tetra jamais tinha executado um trabalho como técnico de futebol e mesmo assim foi o escolhido para exercer o posto mais importante do futebol brasileiro e mundial. Seria plausível se ele tivesse condições técnicas e psicológicas para exercer tal cargo. Mas não tinha.

Dunga, técnico entre 2006-2010
Conquistou a Copa América e a Copa das Confederações com um grupo questionadíssimo, formado a base de interesses empresariais. Morreu abraçado com Felipe Melo e todo o time na Copa de 2010.

Então chegamos a última das escolhas: Muricy Ramalho. Bom, finalmente alguém da linhagem de Felipão para assumir a seleção brasileira. Mas tinha uma pedra no meio do caminho e essa pedra se chamava Fluminense. A cláusula no contrato de Muricy e sua índole não permitiram a sua saída das Laranjeiras e um novo nome foi alçado na cumbuca para assumir a seleção.

A segunda opção já não era mais unanimidade. Cogitaram Leonardo (tão experiente quanto Dunga), mas o escolhido foi Mano Menezes.

Mano Menezes, técnico desde 2010
Luiz Antônio Venker Menezes, 49 anos, natural de Passo do Sobrado-RS nunca foi jogador profissional. Foi zagueiro de times amadores do Rio Grande do Sul. Iniciou sua carreria como treinador de futebol em categorias de base de vários times, como o Guarani-RS, Internacional e fez um estágio com Paulo Autuori, em 1997, no Cruzeiro.

O primeiro time que comandou profissionalmente foi o Guarani-RS, em 1997, e lá ficou até 2002. Até 2007, comandou apenas times gaúchos, finalizando a jornada farroupilha no Grêmio. Com o tricolor gaúcho, ele conquistou a Série B, foi bicampeão gaúcho e vice-campeão da Libertadores.

Em 2008 transferiu-se para o Corinthians, com a mesma missão que tivera no Grêmio: subir o Corinthians a elite do futebol nacional e a missão foi cumprida. Além disso, foi campeão paulista e campeão da Copa do Brasil. Ponto.

Este é o curriculum do técnico da seleção mais respeitada (será?) do futebol mundial. Ganhar títulos regionais e títulos de segundo escalão é parâmetro para chegar onde ele chegou? Acredito que não. Mais uma vez a escolha foi feita com base no comodismo do Sr. Ricardo Teixeira e na politicagem que ronda a CBF. A escolha por Mano foi mais um afago ao presidente do Corinthians, Andres Sanches, do que um aceno aos interesses do povo brasileiro.

Até o momento, foram 13 jogos pela seleção, com 6 vitórias, 4 empates e 3 derrotas. Vitórias inexpressivas, empates vexaminosos, como contra a Venezuela e o Paraguai na Copa América e derrotas em todos os clássicos disputados (Argentina, França e Alemanha).

Seleção Brasileira, após o vexame contra o Paraguai e a eliminação na Copa América.
O que há de errado com a Seleção? Vamos continuar vendo isso nos próximos erros que aqui serão expostos.